Depressão...
- Jennifer Duarte
- 13 de nov. de 2018
- 4 min de leitura
Saiba sobre os sintomas da doença que mais atinge as pessoas no mundo no século XXI.

“Larga ela ai, isso é frescura.” “Se acha que ela vai aguentar ficar sem tomar banho e sem comer? Isso é para chamar a atenção.” “Nossa, para de preguiça.” “Isso é encosto.” “Coisa de espírito contrário, vai rezar.” “Tem tudo, e ainda reclama, tem gente que sofre de verdade sabia?”
Acima, são alguns exemplos do que muitos pacientes que passam pela depressão são sujeitos a ouvir...
Quando na verdade o paciente sente: “Depressão. O que dizer sobre esse assunto? É cinza, sem sabor, sem cor, sem brilho, sem vida… é o que sentimos. Nada faz sentido, nada tem valor, nada é bonito, nada importa. A sensação da morte presente sim é algo muito real, porque a gente se sente, morto-vivo e vivo-morto. E tudo que lembra a morte é mais familiar e mais desejado que qualquer outra coisa. Sintomas? Dores terríveis, sensação de fim, uma tristeza inexplicável, apatia total às coisas da vida, não se tem vontade de fazer absolutamente nada. Só de morrer, devagarinho, pedindo que o mundo nos deixe em paz. Um sofrimento sem razão de ser, mas com feridas profundas. De onde vem? Não sei explicar. Não tem explicação. Tudo é tristeza, tudo é um vão, vazio. Um poço sem fundo…”
A depressão gera insônia. O deprimido troca o dia pela noite. O sujeito deprimido passa a ter hábitos noturnos. Quando a noite cai, principia a acordar, quando o dia amanhece, começa a dormir. O melhor lugar do mundo, o mais aconchegante, o mais macio, o mais confortável, o mais confiável e seguro é a cama. O deprimido tem a cama presa às suas costas. Ele e a cama são irmãos siameses. Quando consegue dormir, não quer mais acordar. O sono aparece como o último refúgio. E a insônia gera irritação. O deprimido é irritadiço. Neurastênico mesmo. Não tem domínio sobre as próprias emoções. Não tem paciência. Perde a cabeça com facilidade. Explode à toa! Não sabe a origem da própria irritação e nem precisa. Está sempre irritado, e isso basta!
A depressão esparrama a concentração e fragiliza à vontade. O deprimido não consegue se concentrar nas atividades mais simples da vida cotidiana. Também não sente vontade de fazer nada. Sua concentração é dispersa e sua vontade é frouxa, difusa, nula. Ele começa inúmeros projetos, contudo não persevera em nenhum. Tem muita dificuldade em levar um projeto até o fim. (DEL PORTO, 2004). Facilmente se confunde depressão com Transtorno de Déficit de Atenção (TDA).
A sexualidade do deprimido torna-se descontrolada. Geralmente, não tem vontade de manter relações sexuais, o interesse pelo sexo praticamente desaparece. Quando a vontade ressurge, contudo, é exagerada, sem limites… O deprimido, às vezes, pode oscilar entre dois extremos: da pureza à libertinagem.
A depressão afeta a capacidade cognitiva e a memória. O deprimido tem muita dificuldade para aprender, concentra-se e lembrar-se de fatos ocorridos no passado e as vezes no presente. O que pode confundir-se facilmente com Alzheimer. Os processos cognitivos do deprimido e a sua sensopercepção ficam lenificados. A memória do deprimido para os eventos do tempo presente fica prejudicada. A capacidade de aprendizagem diminui em consequência da perda da memória. O deprimido esquece facilmente os nomes das pessoas, dos eventos e dos lugares. O esquecimento afeta suas relações pessoais, sua autoestima, seu autoconceito.
O deprimido na verdade deseja matar o sofrimento que se tornou-se insuportável!
Há alterações do apetite mais comumente a perda do apetite, podendo também ocorrer o seu aumento. Muitas vezes, a pessoa precisa esforçar-se para comer, ou ser ajudada por terceiros a se alimentar. Algumas formas específicas de depressão são acompanhadas do aumento de apetite [hiperfagia], o qual se mostra caracteristicamente aguçado por açúcar e doces.
A depressão é entremeada por estados de ansiedade, que não têm hora para aparecer. A ansiedade, às vezes, produz exaltação, irritação, fome, paralisação. Todo estado de ansiedade generalizada pode esconder uma depressão, escamoteia um luto. As crises de ansiedade geradas pela Síndrome do Pânico obnubilam geralmente um quadro depressivo grave (RANGÉ, 2001, p. 150-200).
Metaforicamente, a depressão é um túnel do qual parece impossível sair; um abismo cinzento que engole a vontade de viver; o vazio, a angústia que aperta a garganta; uma solidão sem fim. Um poço sem fundo que teima em atrair o deprimido para o seu interior desconhecido. Pode-se afirmar que, para alguns deprimidos, descrever a sensação de inutilidade, tristeza, angústia é quase inútil, porque tal vivência no interior da alma do deprimido significa que qualquer coisa se rompe subitamente e faz cair a vida em pedaços, sem deixar qualquer saída. E, ao mesmo tempo, o sofrimento é tão grande que o isola quase que completamente do mundo exterior, a ponto de parecer que os outros não conseguem compreender o tormento interior que dilacera a sua existência. A depressão, nesses casos, produz aquele sentimento de estranhamento diante do mundo e do outro, que todo deprimido conhece muito bem. Episódios depressivos e quadros.
O deprimido sente se culpado, portador de uma culpa imensa. Parece até que cometeu o pecado contra o espírito Santo, o pecado que não tem perdão. Na fase aguda da depressão, o deprimido perde aquelas condições bioquímicas do cérebro necessárias para assimilar e vivenciar a fé e as consequências benfazejas das promessas bíblicas de perdão e reconciliação com Deus. (Antonio Maspoli)
Com tudo isso, é fundamental que saibamos compreender que a depressão não podemos ver, não existe um cirurgião para “arrancar” o tal sofrimento, cortando com um bisturi e fechando com pontos o buraco ali existente! Mas a dor existe, é como uma ferida exposta sendo sempre “esbarrada” por alguém...
Vamos conversar? Eu posso e eu quero te ajudar...
Psicóloga, Jennifer Duarte. CRP: 06/ 146.249
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